Virginie Amélie Avegno Gautreau, a verdadeira Madame X, inspirou Christina Aguilera a usar tal alter-ego durante a era bionic, mesmo que curta, a utilização desta imagem tornou proeminente em sua carreira, sua arte visual representa mais que uma simples diva pop, mas um mistério e um escândalo dissimulado no passado.
Madame X ou o Retrato de Madame X, assim podem ser chamados a pintura de John Singer Sargent, pintor Italiano com descendência americana, a obra escandalizou a alta sociedade francesa em 1884, devido a sensualidade e extrema audácia. A pose ereta, com os braços envergados e o rosto olhando para o lado, em perfil, sugeriu a beleza feminina da socialite Gautreau, também americana, casada com banqueiro francês, famosa por sua beleza e por rumores de infidelidade.
A ostentação da pele branca é um dos fatores que são atribuídos na época, sendo assim como uma raça superior e mais próxima a Deus. O vestido negro em cetim, com decote generoso e metais em suas alças acentuou em contraste com a alva pele e o fundo marrom que condecorava a modelo como protagonista. A obra original tinha uma de suas alças caídas sobre o ombro, exibindo assim ainda mais sua pele, porém improprio para a época.
Christina Aguilera usou a referencia quase idêntica de Madame X, e seu alter-ego lhe trouxe a maldição da pintura, assim como o fracasso comercial de bionic, e as amargas críticas sobre o seu trabalho, o pintor recebeu grande pressão da mídia na época, o que lhe fez subir a alça do vestido, no entanto, não adiantou os comentários já haviam ultrapassado qualquer possibilidade de redenção, o obrigou a se mudar de Paris, assim a modelo foi criticada e desprezada por muitos.
Embora ambos tenham sido vítimas de uma espécie de sortilégio, bionic se estende no pop como um de seus maiores trabalhos, inclusive é considerado um dos álbuns mais criativos e futuristas desde o inicio da década, contudo, as zombarias quanto as vendagens cessaram a partir do momento que perceberam a dimensão de uma nova década com vendas modestas. Todavia é um dos mais aclamados trabalhos por novas gerações e paulatinamente a mídia solta esporadicamente alguma matéria sobre o disco, mesmo sendo lançado em 2010.
O legado da personagem e do álbum tiveram notoriedade negativas a princípio, e a utilização de tal caraterística entre ambas nos faz perceber que Aguilera embora tenha sido pressionada pela mídia, ela ressuscitou Madame X e se portou como uma dama misteriosa e sutil.
Marcos Leite