Lotus



Lotus, o álbum convexo. Tanto se sabe de Christina Aguilera, que acabamos por selar um acordo com nós mesmos que de nada sabemos dela. Ainda suporia um trajeto a ser percorrido, dias e dias de trabalho para conseguir números em charts e tantos outros prêmios de votação pela internet, todavia, a arte escolhe os teus, os corrompe e os exibe a banalidade de tal conduta em troca apenas de uma maior circulação de seu nome.

O álbum sucessor de outro tão bom quanto, abriu discussão, críticas e exaltações, como se isso não bastasse com quase todas as cantoras que lançam algo por aí. Um ponto a ser lembrado é de que todos estavam a espera de um disco com milhares de hits para tentar tirar Aguilera da falta de sucesso, um pouco contraditório, se tratando de que a mesma é uma das cantoras mais comentadas e conhecidas do pop.

Your body o carro chefe, foi uma cartada de mestre em sua carreira, o clip elaborado e a faixa contagiante, teve baixo desempenho na billboard, no entanto, é a música preferida de milhões de fãs e admiradores, na qual Xtina deu o nome. Concebem uma discussão enorme acerca deste single, o qual ela sequer deu o trabalho de cantar em algum programa ou evento, o mistério prossegue, aliciando especulações e frustrando muitos de seus seguidores.


Possui parcerias interessantes, cantores famosos, produtores, mas Lotus está longe de ser um álbum pretensioso a estourar em vendas e na boca das pessoas, diga-se de passagem, Christina Aguilera nunca foi e nunca será para  a massa, cada vez mostra sua conduta, a qual o grande publico jamais acataria.

O mundo pop vive em anos de guerra, o trunfo da vez são as comparações de cantoras e estilos, roupas e clips, inutilizando assim a mente daqueles que tem a beleza ao invés da inanição no intelecto. As condições pouco favoráveis para um disco assim, são as de hoje, porém a coragem da superstar de lança-lo em tempos árduos, é honrável e engrandecedor, talvez assim, Christina seja tão indiferente ao escárnio alheio e as protuberantes difamações na rede e mídia impressa.

Se fosse uma pintora, talvez encarnasse Salvador Dalí neste projeto, Lotus lembra a Galatea das Esferas, que trás os traços das Madonas de Rafael e Da Vinci e a brilhante sequência de obras inventivas atômicas, as quais nasceram após a 2ª guerra mundial.


As esferas incongruentes e conexas dão virtude a flor de Lotus, identificando a beleza e as camadas musicais diferentes, assim como o amor, o perdão, o ódio, o sofrimento, a amizade e os demais atributos que exalam da flor. A união e diferença de cada uma as envolve na beleza da originalidade, arte e sentimento de uma mulher e artista, desviando-se do comum, da grande importância das vendas, e da inutilidade de musicas descartáveis. As cores e a diferença de ambas mostram a Madona, assim como Christina, suas musicas as exibem num êxtase de inspiração, a diferenciando do óbvio e trazendo um pouco de luz as mentes poucos esclarecidas, seja dos sentimentos, da loucura que a arte propõe, ou da falta de personalidade.

São partes distintas que se alocam entre si e formam uma obra singular, mesmo que os inícios, meios e fins sejam totalmente opostos, quando olhados de cima se tornam um, assim como a pintura, um gracejo e esmero da cantora com seus fãs, e colocando no mundo mais um trabalho fiel e relevante para ser esmiuçado, comentado e para inspirar. A essência está no interior, onde é a alma da flor de Lotus, e as demais, todo o passado, dificuldades, sorrisos e páginas da vida materializadas em canções.


Christina Aguilera sempre será inventiva e talentosa, a audácia e genialidade estarão com ela até o fim de seus dias, terá ainda muitos álbuns e musicas, não importa como será o futuro, o que apenas interessa é que tal estrela é dona de uma porção de luz a ser compartilhada com os demais, embora alguns não tenham sagacidade para extrair toda a imponência e peripécias de seus trabalhos.
              
  - Marcos Leite -